O ovo foi considerado um vilão da dieta há décadas. O motivo? O alimento fornece aproximadamente 200 mg de colesterol, sendo que a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) indica, para prevenção de doenças cardíacas, um consumo diário inferior a esta taxa.
"Quando se identifica colesterol em concentrações muito elevadas no sangue, ele contribui para o aumento de doenças coronarianas”, argumenta a nutricionista- Mariana Séfora, mestranda em Nutrição na Universidade de São Paulo (USP). Com todo esse currículo, acreditava-se que seu consumo era responsável pelo aumento das taxas de colesterol no sangue por tabela. Mas recentes estudos científicos mostraram que as coisas não funcionam bem assim. Segundo os especialistas, tamanho exagero, claro, não é recomendável para ninguém, mas aponta uma boa prerrogativa para a ingestão do alimento. Assim, a conclusão a que se chega é que “Consumir um ou dois ovos, três a quatro vezes por semana, é saudável, informa Tamara Mazaracki, médica nutróloga (RJ).
Sem exageros
Outra boa razão para usar o ovo com moderação é que o controle do colesterol no sangue é um mecanismo complexo e que envolve questões que os especialistas chamam de multifatoriais. Em outras palavras, as taxas podem variar de acordo com o metabolismo de cada indivíduo. “Hoje, sabemos que mais de 70% do colesterol sanguíneo é produzido pelo fígado e, portanto, a dieta contribui pouco — mas contribui para o colesterol total encontrado no sangue. Ainda assim, se ingerirmos uma quantidade muita alta de colesterol, este pode aumentar os níveis plasmáticos de LDL (proteínas de baixa densidade, que é igual a mau colesterol), especialmente se o indivíduo possui algum tipo de distúrbio no metabolismo das lipoproteínas”, contextualiza Mariana. “É ainda importante salientar que o efeito do colesterol é menor quando e se comparado à ingestão de ácidos graxos saturados e trans. Esses sim são muito mais prejudiciais à saúde coronária”, resume a nutróloga.
Querido dos vegetarianos
Por conta do seu ótimo aporte de aminoácidos, o ovo também é indicado como complemento para a dieta de vegetarianos. Por não comer carnes, esse grupo de pessoas corre o risco de apresentar maior carência de proteínas. O jeito, para eles, é turbinar o prato com alimentos como feijão, lentilha, derivados de leite e outras fontes proteicas.
Vitamina D+
Nos últimos tempos, muitos pesquisadores têm se debruçado na relação da vitamina D com a preservação da saúde neurológica e com o combate a doenças autoimunes. O nutriente — quem diria — também está presente no ovo. Segundo o médico Cícero Galli Coimbra, neurologista e professor da Universidade Federal de São Paulo/ Escola Paulista de Medicina (Unifesp- EPM), “A vitamina D, que na verdade é um hormônio que controla 229 genes em cada célula, inclusive as cerebrais. Ela favorece a produção de neurônios novos e dá sobrevida aos existentes”. As taxas do nutriente necessárias para o bom funcionamento do organismo variam de 400 a 10 mil UI (medida utilizada para quantificar vitaminas A e D), sendo a grande maioria obtida do contato da pele com os raios solares. Daí a indicação médica de exposição aos raios solares nas primeiras horas da manhã e nas últimas do fi nal da tarde. Entretanto, sua complementação via alimentação também é bem-vinda. Cada ovo, por exemplo, contribui com esse montante cedendo aproximadamente 70 UI.
Atenção na hora de comer
Completam a lista de nutrientes benéficos do ovo as substâncias luteína e zeaxantina, pigmentos responsáveis pela cor amarelo-vermelha da gema. Eles se acumulam na retina e no cristalino dos olhos prevenindo a catarata e a degeneração macular senil, que leva à cegueira. Mas todo o mundo pode comer ovos? Infelizmente, não. Pacientes diabéticos ou com histórico de doenças cardiovasculares devem consumi-lo com moderação.
Quanto comer, então?
Segundo a nutróloga Tamara Mazaracki, crianças precisam de mais gordura e de colesterol do que os adultos para seus cérebros e órgãos em desenvolvimento. Por isso, ela entende que bebês com 8 ou 9 meses podem comer um ovo inteiro todos os dias. Já as crianças com 6 anos ou mais podem comer dois ovos diários. E os adultos? “Eles também podem consumir até dois ovos todos os dias. Idosos devem consumir a metade dessa porção, isto é, um ovo diariamente. Estamos falando de pessoas saudáveis, sem problemas renais, situação que poderá modificar essas indicações, dada a necessidade de restrição protéica”, completa a especialista. “Como já foi dito, o colesterol não aumenta com o consumo de ovos. E os ovos ajudam a baixar a pressão arterial”, conclui.
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Fonte: Revista Viva Saúde
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